Em 1906 o economista italiano Vilfredo Pareto observando a sua pequena horta chegou à brilhante conclusão que 80% das ervilhas provinha de apenas 20% das vagens. A conclusão que daí extraiu – que cerca de 80% dos efeitos provêm de 20% das causas – não se ensina nas Faculdades de Direito, mas é uma daquelas ideias que cada advogado deveria dedicar pelo menos uns minutos.
Quantas vezes temos a sensação que o tempo gasto em atividades não essenciais ou improdutivas nos nossos escritórios corresponde à maior fatia nossa agenda pessoal e profissional e que apenas uma pequena parte das nossas atividades trazem valor acrescentado aos assuntos dos nossos clientes e equilíbrio às nossas vidas?.
Assim, em vez de ter uma app manhosa no meu telemóvel que lista as coisas que tenho para fazer, como resolução para o novo ano, alinho um conjunto de “tarefas a não fazer” em 2014 (penso que são todas auto explicativas pelo que não me alongarei noutras considerações):
– Tentar incutir bom senso num cliente abusivo.
– Ser incapaz de dizer “não” a um pedido de ajuda de um estagiário quando estou já sobrecarregado.
– Abrir e ler todos os e-mails do servidor do escritório todas as manhãs ao acordar, mesmo os que não me são dirigidos.
– Atender a chamada de um cliente às 2 da manhã ou responder-lhe no Facebook .
– Ir a eventos de networking, aos jantares da Ordem e a convívios com antigos colegas de curso.
– Jogar incessantemente Angry Birds durante o fim-de-semana.
Sei que provavelmente não serei capaz de cumprir todas as minhas “tarefas a não fazer”, mas só o facto de enumerar os meus 80% de vagens vazias infunde-me a esperança de conseguir gerir melhor o meu tempo e ter um novo ano mais próspero. A sério!.